Mesmo que a sociedade esteja avançando no quesito diversidade, o pressuposto de que as mulheres não têm o perfil para as carreiras nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Stem – sigla em inglês) na mesma proporção que os homens ainda é bastante difundido. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), globalmente, as mulheres representam apenas 35% dos estudantes matriculados nesses segmentos.
Em tecnologia e nas engenharias de produção, civil e industrial, o percentual é ainda menor, chegando a 28% do total. Para impulsionar a representatividade de mulheres em carreiras Stem, é necessário quebrar esse estereótipo.
Para quem estiver se perguntando como fazer isso, acredito que a resposta seja: devemos incentivar a liberdade e igualdade de escolha (seja de estudos ou profissão) das mulheres desde a infância. Crescer cercada por exemplos de histórias de estudantes, pesquisadoras, desenvolvedoras e líderes femininas ajuda a compreender que há, sim, espaço para todos.
É essencial incentivar que as meninas, desde a fase escolar, conheçam os setores de tecnologia e pesquisa, encontrando boas referências e oportunidades de crescimento.
Entrar em uma área na qual a maior presença é a do sexo oposto não precisa parecer como um desafio ou uma exceção. É necessário que sejam vistas como uma decisão e uma jornada em que elas vão encontrar acolhimento e chances de construir uma história de sucesso.
Por isso, além de iniciativas desde a infância, é importante que as próprias empresas busquem por políticas de inclusão que fortaleçam o papel da mulher em Stem. Na área de tecnologia, essa questão parece estar ganhando fôlego. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a participação feminina nesse mercado cresceu 60% nos últimos cincos anos, passando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil em 2020.
Considerando a América Latina como um todo, segundo a consultoria KPMG em parceria com a Harvey Nash, as mulheres ocupam 16% dos cargos seniores de tecnologia, superando o Reino Unido, que tem apenas 4%.
Isso significa que, sim, estamos no caminho certo para ampliar a participação de mulheres na tecnologia. Ainda assim, acredito que podemos acelerar o avanço dessa representatividade. A Rede Brasil do Pacto Global, da ONU, por exemplo, pede que as empresas tenham pelo menos 30% de mulheres ocupando cargos de alta liderança até 2025 ou 50% até 2030. Para a instituição, esse é o ponto de partida essencial para as companhias que almejam ampliar a diversidade em suas operações.
Além disso, globalmente, a ONU tem como um de seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a igualdade de gênero – ODS 5. Entre outros fatores, a iniciativa visa fortalecer políticas sólidas e a legislação aplicável para a promoção da diversidade e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis.
Portanto, hoje, como líder na área tecnológica, compreendi o peso que a liderança tem para ajudar a mudar esse cenário. Sendo mulher e estando em um cargo de gestão, entendi ainda melhor a necessidade de termos exemplos de sucesso nos mais diversos segmentos, funcionalidades e projetos que uma empresa pode exercer.
Entre as principais atividades em uma gestão que preza pela igualdade de gênero, destaca-se o estabelecimento de metas a partir do monitoramento e análise de indicadores. Dados como a rotatividade de profissionais, a presença de mulheres em cargos de liderança, em planos de sucessão e a equidade salarial precisam ser acompanhados de perto. Com isso, é possível aperfeiçoar o que estiver em desequilíbrio e buscar melhorias com antecedência e planejamento.
Outro fator crucial na diversidade e inclusão nas empresas são os programas de desenvolvimento. Independentemente do nível, se é para gestão, vendas ou para a área de tecnologia como um todo, é preciso que as companhias invistam e apoiem a evolução de aprendizado e conquistas de seus funcionários.
Principalmente quando consideramos as minorias. Essa é uma forma de fortalecer planos de carreira e dar mais confiança ao profissional.
Para as companhias, não basta apenas falar sobre diversidade e igualdade de gênero sem mostrar na prática que é possível dar certo.
É preciso gerar oportunidades na contratação, no reconhecimento e na construção de uma carreira sólida e de sucesso. Estabelecer políticas sólidas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e, dessa forma, criar um ambiente corporativo mais flexível e com mais facilidades para que diferenças de gênero, cor, etnia e outras não sejam um desafio.
*Artigo escrito por Kenia Paim, diretora de vendas da unidade Secure Power da Schneider Electric
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