Após um intenso período de investimentos em recursos e produtos, especialmente em infraestrutura e digitalização, é hora de dar um novo passo em direção à transformação digital efetiva.
Segundo um recente estudo divulgado pelo IDC, até o próximo ano, mais de 7 trilhões de dólares devem ser investidos para inovações dentro das empresas. E o setor de tecnologia também está incluído.
Programas de transformação digital nas corporações permitem maior lucratividade, crescimento de receita e valor de mercado superior, algo que contribui com o destaque dos serviços inovadores ofertados pelas empresas.
No entanto, a McKinsey apontou, em um levantamento, que cerca de 70% dos programas de transformação ainda são falhos. Por isso acredito em critérios importantes a serem avaliados por tomadores de decisão e líderes de equipe, ainda mais quando se trata de um segmento em constante atualização como a tecnologia da informação.
Um dos critérios, que considero ser a base de uma Pirâmide Estrutural sustentável é a capacitação contínua dos colaboradores.
Anualmente, mais de 56 mil profissionais são formados no setor de tecnologia no Brasil.
Mas o que acontece depois é que muitos desses profissionais encontram dificuldades técnicas ou mesmo de conhecimento mais aprofundado em determinadas áreas, o que agrava cada vez mais o gap profissional que existe atualmente nesta área.
Por isso, é fundamental investir na continuidade dos estudos de idiomas, sistemas operacionais utilizados na empresa, atualizações técnicas sobre produtos e serviços e, ainda, treinamentos específicos de soft skills, como atitudes, comportamento e postura corporativa, por exemplo.
Para isso, é preciso determinar prioridades, ou seja, compreender quais os fatores mais importantes para o treinamento profissional, em uma ordem lógica. A partir dessa compreensão, os líderes de equipes podem definir etapas de aprendizado e de que maneira a demanda será direcionada para seus colaboradores.
O mercado de TI, em geral, está defasado, pois as contratações são feitas com o único objetivo de alocar um profissional, em um lugar específico, para cumprir determinada função.
Porém, vale lembrar que a formação acadêmica não pode ser considerada algo finito. O diploma é o início de uma jornada que não tem fim, e nós vemos isso ocorrer na prática do dia a dia das empresas.
Prover instrumentos e meios para que os times possam seguir realizando suas requalificações é uma evolução global que caminha junto com a agilidade necessária para o mercado. C
ada vez mais, é preciso considerar a premissa de que é necessário saber aprender, desaprender e reaprender continuamente para obter sucesso e realização profissional a longo prazo.
Mas é preciso ter um segundo nível na pirâmide, que considero ser a inovação dentro das organizações. Isso não quer dizer que seja preciso estar inventando, ou seja, desenvolvendo novos produtos ou serviços o tempo todo.
Ao meu ver, a inovação consiste em oferecer soluções diferentes e que tenham utilidade para as pessoas.
O sucesso das empresas de tecnologia depende de uma geração de valor, com o foco no cliente desde o atendimento até a entrega final, e isso vai muito além dos produtos oferecidos. Resumindo, a inovação tem que trazer valor agregado, caso contrário, não é uma inovação.
Por fim, não há como ignorar a importância das práticas de governança, pois sem isso não é possível realizar treinamentos ou inovações. Por meio de líderes conscientes e com pensamento estratégico, é possível trabalhar em uma melhoria contínua.
Costumo dizer que o segredo para tudo isso passa pela estratégia PDCA (plan, do, check and act), que nada mais é do que planejar, fazer, checar e agir, com consciência, objetivos claros e eficientes e considerando os fatores que auxiliam no sucesso dos negócios.
Não há como melhorar o que não é medido, como já dizia William Edwards Deming mais de 50 anos atrás.
As cadeias de valor devem incluir não apenas o pilar de tecnologia em si, mas de processos e pessoas.
É crucial revisitar processos, entregar experiência, mudar a cadeia de valor e, assim, escalar.
Para nós, esse é um ciclo contínuo, que permite mais inteligência à frente dos negócios e que permitirá uma melhor sustentabilidade da empresa no futuro.
*artigo escrito por Paulo Sérgio Rodrigues é diretor sênior da Infosys Brasil.
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