Antonio Fascio
Antonio Fascio, CEO do 3F Group

Foi por volta de 2005 quando Antonio Fascio tentou abrir uma empresa, mas não deu certo. Em 2009, ele conheceu Fábio Santos, seu sócio até hoje, e de lá pra cá eles começaram a desenvolver o que se tornaria o módulo chefe da empresa: Orçamento.

Naquela época, não tínhamos noção do que era criar uma empresa de tecnologia, não sabíamos qual seria o modelo de negócios, e sem uma banda larga efetiva em Macapá. Na verdade, eu sempre digo que eu nem sabia o que era uma startup, eu só sabia que tinha uma empresa e tinha que fazer algo dar certo”, lembra Fascio.

Em 2015, depois de muito estudo, eles lançaram a 3F Group. No ano seguinte, a startup viveu um novo processo de aceleração que marcou a história da 3F Group.

“Em 2017, nosso produto (OrçaFascio) se consolidou no mercado. Também em 2017, entendemos que a metodologia BIM (Building Information Modeling) era um tema emergente que precisava ser investido e, em 2018, começamos a trabalhar em novos produtos em BIM com a extração de quantitativos, abrindo um novo mercado especializado”, explica.

Em 2020, os problemas de estrutura como a falta de energia e internet ganharam uma nova proporção com um apagão que assolou o Amapá por dias e afetou o funcionamento da empresa.

Chegou a um ponto que fez com que a gente tomasse a decisão de trazer a empresa para o estado de São Paulo e, no final do ano, chegamos em Santo André com um time formado por famílias do Amapá para começar uma nova reestruturação”, lembra Fascio.

No ano passado, a 3F Group se consolidou no setor de orçamentação de obras e engenharia de custos. Também foi adquirida uma empresa e desenvolvida uma nova solução Prime voltada para grandes projetos e grandes empresas em parceria com a Autodesk e a Pars na distribuição do software.

“Hoje, consolidamos nossa parceria com a Autodesk, sendo o único software de orçamento de obras que é um Autodesk Developer Network”, comemora Fascio.

Mercado

O 3F Group – grupo responsável por softwares de orçamento – vem se destacando no segmento das Construtechs. O propósito é não apenas inovar nos serviços com a ajuda da tecnologia, mas também diminuir custos operacionais, aumentar a produtividade do setor, aumentar a segurança do trabalhador civil e, ainda, diminuir acidentes causados por falhas nos sistemas.

Antonio Fascio acredita que o país vive a fase inicial das construtechs. “Temos muitas oportunidades para criar novas soluções e ajudar ainda mais toda a cadeia da construção civil.”

Mesmo com boas perspectivas, Fascio pontua alguns desafios do setor. “O que me preocupa é que, apesar do aumento do PIB, o mercado vem diminuindo a quantidade de empresas absurdamente”.

Essa preocupação tem fundamento. Segundo a PAIC (Pesquisa Anual da Indústria da Construção) de 2015, o Brasil contava com 220 mil empresas no setor e já na última pesquisa realizada, em 2019, foram apenas 120 mil empresas. “Em apenas quatro anos, 100 mil empresas foram extinguidas! E isso antes mesmo da pandemia.”

A consequência desse movimento foi uma concentração de renda cada vez maior entre empresas de médio e grande porte, e uma redução no mercado em quantidade de clientes. “Isso afeta o movimento das construtechs, porque reduz a quantidade de cliente final e deixa o mercado ainda mais concorrido”, ressalta.

Desafio da Interoperabilidade

Atualmente, o mercado é abastecido por startups que ajudam desde a fase de projeto até a gestão de facilities. Porém, segundo o CEO do 3F Group, existe uma grande dificuldade na falta de integração entre as soluções.

“Hoje, as soluções são muito boas, mas com pouca interoperabilidade, não gerando conversa entre os sistemas e fazendo a informação não fluir entre as disciplinas e empresas. Precisamos desenvolver a interoperabilidade de dados entre as plataformas. Mostrar que softwares especialistas trazem maior otimização, ganho financeiro e mais economia do que sistemas não especializados, e que essa conversa entre as ferramentas precisa existir para gerar melhores resultados para as empresas.”

Nesse cenário, Fascio acredita que a chave de sucesso de uma construtora está em reunir esses vários softwares especialistas e colocar em um fluxo onde consiga usar o que há de melhor de cada startup ou solução de cada empresa no seu processo de trabalho.

Soluções promissoras

Soluções que visam o melhoramento de processos e a integração com as diferentes etapas de uma obra são as grandes tendências segundo Fascio. “Entre as necessidades de uma obra, eu acho que a gestão do canteiro ainda é uma grande incógnita para as construtechs. A diferença entre você cumprir ou não o planejado está muito ligado ao canteiro e é uma etapa que precisa de atenção e de soluções”, defende.

O CEO do 3F Group ainda complementa: “Vemos algumas iniciativas nascendo voltadas para a gestão de canteiro, mas, por enquanto, nenhuma conseguiu dominar esse mercado. Na minha visão, a menina dos olhos seria uma gestão eficiente de canteiro de obra.”

Fascio também cita a IoT e a fabricação de máquinas automatizadas para melhoramento de processos como importantes tendências. “Acredito também na digitalização dos processos com o uso, principalmente, de inteligência artificial cada vez mais frequente para a viabilidade, melhorias de custos e projeção.”

Construção Civil 4.0

“Temos muito a evoluir e explorar com o uso de tecnologia na construção civil”, acredita Fascio.

Para ele, as grandes empresas ainda detêm uma resistência para usar a tecnologia de forma mais ampla. “Imagina que estamos falando de empresas que valem milhões e dizemos que um processo pode ser melhorado, mas na mente e na história do executivo, do jeito que está funciona, porque ele chegou até aqui fazendo assim. Eu vejo essa barreira como um grande desafio que ainda precisa ser derrubado. O mercado mudou, e a tecnologia traz soluções diferentes para os problemas que essa mudança aflorou.”

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