Indústria 5.0, por Cristiano Bonanno
Indústria 5.0, por Cristiano Bonanno

Muito provavelmente seremos a primeira geração da história a acompanhar duas revoluções industriais. Graças ao avanço tecnológico que acelera cada vez mais os processos de inovação, estamos vendo rapidamente o setor migrar de Indústria 4.0 para Indústria 5.0.

Quando tratamos de indústria 4.0, já temos claro no mercado conceitos como big data, analytics, realidade aumentada e manufatura aditiva. A próxima jornada do setor caminha para o 5.0, cuja principal mudança será trazer o ser humano para o centro das discussões. Muito além da tecnologia, o diferencial humano passará a ser peça fundamental dessa engrenagem.

Migraremos de uma realidade concentrada em conectividade das máquinas; customização em massa; Supply Chain inteligente; produtos smart; e redução da mão de obra reduzida nas fábricas, para passar a direcionar esforços para a experiência do cliente; hiper customização; Supply Chain responsivo e distribuído; produtos interativos atrelados a experiência; e retorno da mão de obra para as fábricas.

Com o trabalho humano aliado à tecnologia, o processo de tomada de decisão será cada vez mais eficiente. Tudo isso ainda caminhando lado a lado com as práticas ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), que são outra forte tendência no setor. Esse cenário levará a indústria para o próximo nível, cujo foco não será apenas eficiência, mas sim em eficiência associada à sustentabilidade.

 

As tecnologias utilizadas na Indústria 5.0

Quando evoluímos de operações centralizadas em softwares para operações baseadas em IA (Inteligência Artificial) e suportadas pela força de trabalho, evoluímos para um novo conceito de mercado. A IA será distribuída ao longo de todas as camadas da indústria, com a integração vertical de dispositivos inteligentes, sensores com capacidade de processamento local e dispositivos de controle. Sem falar das soluções em nuvem e da computação em Edge, que aumentarão a capilaridade de inovações nas companhias, melhorando seus recursos e processos, além de abrir um enorme leque de oportunidades para o setor.

Na prática, a nuvem entregará maior flexibilidade e escalabilidade, principalmente porque ela permite trabalhar dados massivos em escala juntamente com a IA e o machine learning. Esses dados apoiarão a tomada de decisão em tempo real, e evitarão manutenções e paradas que causam grande prejuízo para as indústrias.

Com isso, o setor ganhará produtividade, sustentabilidade, competitividade, segurança de ativos e de profissionais, e, como consequência, crescimento econômico em um nível muito acelerado para o País. Segundo um estudo realizado pela Microsoft, a adoção massiva de Inteligência Artificial pode adicionar um crescimento de 4,2% ao PIB do Brasil até 2030.

 

Desafios da Indústria 5.0 no mercado brasileiro

No entanto, embora a tecnologia avance rapidamente, o mercado nacional ainda enfrenta alguns gargalos para avançar com a implementação desses recursos: nos faltam profissionais especializados, igualdade digital, e fomento a um ecossistema de inovação.

Na área de TI, o País ainda tem um déficit anual de 110 mil profissionais, de acordo com dados da Brasscom, o que atrasa a adoção de tecnologias pelas empresas e, consequentemente, o desenvolvimento econômico.

A mudança forçada gerada pela pandemia da Covid-19 fez com que a transformação digital  ganhasse um impulso, além de ter quebrado muitas objeções que as companhias antes tinham para avançar com a adoção tecnológica, como cibersegurança, falta de qualificação profissional e mudança cultural. Desta forma, agora a transformação digital não só faz parte do plano de negócios das corporações, como também de suas ações estratégicas.

Ainda temos muitos desafios e um longo caminho a percorrer até termos, de fato, um setor industrial 5.0. Mas, as tendências apontam para um futuro promissor em que finalmente passaremos a usar o melhor de nossos recursos: as soft skills humanas conectadas ao poder da inovação. O futuro é digital, e o digital é feito de conexões.

 

Artigo escrito por Cristiano Bonanno, Regional Technology Manager da Rockwell Automation

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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